quinta-feira, 23 de abril de 2009

Divã - o filme

É uma história que tem um final feliz, mas não há o "felizes para sempre".
Talvez, seja isso que me incomoda. A personagem de Lilia Cabral quer uma relação mais apimentada, mas a relação com o marido tem cara de domingo, e o fim do casamento parece inevitável.
Na busca da felicidade, a personagem nos faz rir. E do riso passamos ao choro quando sua melhor amiga morre com um câncer raro.
Mas se você está passando um problema no seu casamento, prepare-se. Você vai sair com um aperto no peito.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Quem é Mia Couto?

É um escritor africano de Língua Portugesa, nasceu da Beira, Moçambique em 1955. Publicou livros de contos como "Vozes anoitecidas", "Cada homem é uma raça" e "Cronicando"; romances como "Terra Sonanbula" e "estórias Abensonhadas". Mia Couto é comparado por alguns críticos a Guimarães Rosa devido ao Uso da Linguagem, o trabalho com a Palavra.
Sobre seu livro "estórias abensonhadas", saiu o seguinte comentário de Leda Rivas in: Diário de Pernambuco.
... a linguagem, plena de vocábulos novos, mistura os sons tribais, imemorialmente guardados no ventre da terra, com neologismos criados pela inventividade do ficcionista. O resultado é um português cada vez mais longe do verbo imposto pelo colonizador - mas completamente compreensível pelo homem comum.

Fragmento do Capítulo Chuva: a abensonhada

Estou sentado junto da janela olhando a chuva que cai há três dias. Que saudade me fazia o molhado tintintinar do chuvisco. A terra perfumegante semelha a mulher em véspera de carícia. Há quantos anos não chovia assim? De tanto durar, a seca foi emudecendo a nossa miséria. O céu olhava o sucessivo falecimento da terra, e em espelho, se via morrer. A gente se indaguava: será que ainda podemos recomeçar, será que a alegria ainda tem cabimento?

Agora, a chuva cai, cantarosa, abençoada. O chão, esse indigente indígena, vai ganhando variedades de belezas. Estou espreitando a rua como se estivesse à janela do meu inteiro país. Enquanto, lá fora, se repletam os charcos a velha Tristereza vai arrumando o quarto. Para Tia Tristereza a chuva não é assunto de clima mas recados dos espíritos. E a velha se atribui amplos sorriso: desta vez é que eu enxerguei o fato que ela tanto me insiste. Indumentária tão exibível e eu envergando mangas e gangas. Tristereza sacode em sua cabeça minha teimosia: haveria razoável argumento para eu me apresentar assim tão descortinado, sem me sujeitar às devidas aparências? Ela não entende.

(...)
Editora Nova Fronteira, 1996
p.43

quarta-feira, 1 de abril de 2009

"Poesia" de Carlos Drummond de Andrade é um convite ao fazer literário. Que tal você inundar as nossas vidas com seu texto literário?
POESIA

Gastei uma hora pensando em um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.